sexta-feira, 18 de junho de 2010

TV e 13

Tenho algo a falar sobre a última pesquisa IBOPE sobre as torcidas de futebol. Essas pesquisas mostram, na minha opinião, a influência da televisão brasileira na mente das pessoas. Tirando o ano passado, há quantos anos o Flamengo estava na fila por um título importante?
Há um efeito em cascata relacionado a enriquecimento e televisão. O raciocínio é simples. A televisão se baseia na torcida, entre outros fatores, para distribuir as cotas. De acordo com a lógica deles quem tem mais torcida gera mais visibilidade para seus patrocinadores, e tendem a receber mais na partilha. Mas quem recebe mais, aparece mais na televisão, aumenta cada vez mais sua torcida, e continua sempre ganhando mais. É um caminho sem retorno. O Grêmio e o Inter são heróicos nas suas campanhas nos nacionais e apontam para administrações que merecem elogios acima das críticas, que ainda existem mas que estão encobertas pelos acertos das direções dos clubes.
O capeonato brasileiro está encaminhando para, em alguns anos, ser dominado por meia dúzia de times do eixo Rio-São Paulo. Podemos ver isso pelo nível de contratações que os times de lá efetuam. Repatriam jogadores veteranos, primeiramente, e começam a trazer jogadores que ainda estão em boa forma, pagando vultuosos salários. Se os times aparecem mais, ganham mais, contratam mais e, em breve, serão donos do futebol brasileiro.
A última lista divulgada pelo Ibope mostra o que já se sabia, Corinthians e Flamengo dominam a preferência dos torcedores. Curiosamente dominam as tardes de domingo, as noites de quarta-feira, os noticiários das redes de televisão.
E o canal pago, curiosamente de propriedade da mesma emissora que passa os jogos em canal aberto, paga também um dinheiro que é dividido entre os clubes. Pois, quem merece mais este dinheiro?
Esta pesquisa nunca foi feita, mas acredito que as torcidas de Corinthians e Flamengo são torcidas que dominam os bolsões pobres das grandes cidades. Têm ricos torcedores por estes times, mas nas favelas gigantes de Rio e SP são os times dominantes. Deixemos qualquer tipo de racismo e preconceito de lado e lacemos hipóteses: pois bem, acredito que esta torcida não paga pelos jogos em casa. E vou além, grande parte da torcida destes clubes consomem apenas as imagens dos patrocinadores. Será que as torcidas de Grêmio, Inter e Cruzeiro, por exemplo, não têm capacidade de consumo próxima ou superior às torcidas dos primeiros colocados do Ibope?
A pergunta é: quem divide os valores? TV? Clube dos treze? Se o clube dos treze domina a partilha... então os clubes são muito burros de associarem-se a ele. Podem me dizer que a televisão não é culpada e que a partilha depende do clube dos treze, mas quem realmente manda dividir assim? Será que não existe pressão por parte da TV? Pois se as maiores torcidas são de dois times, estes dois times têm que receber mais, aparecer mais. Patrocinador não pensa em quem compra seu produto olhando a TV, se preocupa com Ibope, com audiência, com quantos aparelhos de televisão estão ligados no futebol as 16 horas do domingo.
Por fim, a partilha não é justa. 20 times fazem o brasileiro. A cota devia ser dividida por 20, e a televisão deveria pagar muito mais do que paga.
Para quê serve o clube dos treze? Quem ele realmente representa?

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